quarta-feira, 6 de abril de 2011

RESENHA - Nos bastidores da notícia (Alexandre Garcia)

Grande parte do que foi escrito por Alexandre Garcia nessas páginas é verdadeiro: para chegar a algum lugar, o bom repórter precisa, antes de tudo, uma boa dose de sorte!
No livro, o jornalista conta sobre várias fases de sua carreira, desde o Rio Grande Sul até a chegada às ‘Organizações Globo’. Alguns episódios são bem conhecidos do grande público e outros aparecem como novidade.
Além disso, o autor não utiliza tantas linguagens da profissão e, quando as usa, faz questão de explicá-las. Assim, o livro pode ser lido por qualquer pessoa leiga no assunto ou, como eu, um estudante de jornalismo no 5º período, em busca de conhecimento sobre comunicação social.

Ficha técnica:
•Livro: Nos bastidores da notícia
•Autor: Alexandre Garcia
•Editora: Globo
•Nº de páginas: 358
•ISBN: 85-250-0768-4
•Sinopse: Aqui o leitor encontra revelações políticas, aventuras, episódios pitorescos, impressões de viagem e fatos testemunhados pelo jornalista Alexandre Garcia em suas andanças pelos bastidores da política no Brasil e no exterior.

Por Alisson Andrade

terça-feira, 5 de abril de 2011

RESUMO CAPÍTULO XVII DO LIVRO CIBERCULTURA

CIBERCULTURA
            PIERRE LÉVY

FUNÇÕES DO PENSAMENTO CRÍTICO
A crítica progressista esforça-se para trazer à tona os aspectos mais positivos e originais das evoluções em andamento.No entanto, muitos discursos que se apresentam como críticos são apenas cegos e conservadores. Por conhecerem mal as transformações em andamento, não produzem conceitos originais, adaptados à especificidade da cibercultura. Critica-se a “ideologia (ou utopia) da comunicação” sem se fazer distinção entre televisão e internet.

Deplora-se a confusão crescente entre o real e o virtual sem nada se entender sobre virtualização, que pode ser tudo menos uma desrealização do mundo – seria antes uma extensão do potencial do humano¹. É urgente, inclusive para a própria crítica, empreender a crítica de um “gênero crítico” desestabilizado pela nova ecologia da comunicação. É preciso interrogar hábitos e reflexos mentais cada vez menos adequados às questões contemporâneas.
¹Ver Pierre Lévy, O que é virtual?, op. cit., onde essa questão é abordada de um ponto de vista antropológico.

CRÍTICA DO TOTALITARISMO OU TEMOR DA DESTOTALIZAÇÃO?
A idéia segundo a qual o desenvolvimento do ciberespaço ameaça a civilização e os valores humanistas apóia-se em grande parte na confusão entre universalidade e totalidade. Ficamos desconfiados daquilo que se apresenta como universal porque, quase sempre, o universalismo foi difundido por impérios conquistadores, pretendentes ao domínio, fosse esse domínio temporal ou espiritual. Ora, o ciberespaço, ao menos até o momento, é mais acolhedor do que dominador. Aqueles que vêem no ciberespaço um perigo de “totalitarismo” estão basicamente cometendo um erro de diagnóstico.
[...] a televisão e a imprensa são instrumentos de manipulação e de desinformação muitos mais eficazes do que a Internet, já que pode impor “uma” visão da realidade e proibir a resposta, a crítica e o confronto entre posições divergentes.
Mais uma vez, associar uma ameaça totalitária à cibercultura advém de uma profunda incompreensão a respeito de sua natureza e do processo que governa a sua extensão.

O que amedronta de fato os críticos profissionais não seria exatamente a destotalização em andamento? A condenação dos novos meios de comunicação interativos e transversais não ecoa um bom e velho desejo de ordem e de autoridade?
Os guardiões do bom gosto, os avalistas da qualidade, os intermediários obrigatórios, os porta-vozes vêem suas posições ameaçadas pelo estabelecimento de relações cada vez mais diretas entre produtores e usuários de informação.

Há textos circulando em grande escala no mundo inteiro pelo ciberespaço sem que nunca tenham passado pelas mãos de qualquer editor ou redator.
A apropriação dos conhecimentos se libertará cada vez mais das restrições colocadas pelas instituições de ensino, já que as fontes vivas do saber estarão diretamente acessíveis e os indivíduos terão a possibilidade de integrar-se a comunidades virtuais consagradas à aprendizagem cooperativa.
Numerosas posições de poder e diversos “trabalhos” encontram-se ameaçados. Mas se souberem reinventar sua função para transformarem-se em animadores dos processos de inteligência coletiva, os indivíduos e os grupos que desempenham os papeis de intermediários podem passar a ter um papel na nova civilização, ainda mais importante do que o anterior.
O ciberespaço não muda em nada o fato de que há relações de poder e desigualdades econômicas entre humanos.
A crítica pensa estar fundamentada ao denunciar um “totalitarismo” ameaçador e ao anunciar-se com porta-voz de “excluídos” aos quais, por sinal, ela nunca pergunta a opinião. Tudo isso nos atrasa na invenção da nova civilização do universal por contato e em nada nos ajuda a orientá-la na direção mais humana.

A CRÍTICA ERA PROGRESSISTA. ESTARIA TORNANDO-SE CONVSERVAORA?
Á procura do espetacular e do sensacional, as mídias contemporâneas não param de apresentar os aspectos mais sombrios da atualidade, colocam constantemente os políticos na roda, fazem questão de denunciar os “perigos” ou os efeitos negativos da globalização econômica e do desenvolvimento tecnológico: jogam com o medo, um dos sentimentos mais fáceis de incitar.

Os intelectuais e demais pensadores deveriam, então, abandonar toda e qualquer perspectiva de crítica? De forma alguma. Mas é preciso compreender que a atitude crítica em si, simples reminiscência ou paródia da grande crítica dos séculos XVIII e XIX, não e mais uma garantia de abertura cognitiva nem de progresso humano. É preciso agora distinguir cuidadosamente entre, de um lado, a crítica reativa, midiática, convencional, conservadora, álibi dos poderes estabelecidos e da preguiça intelectual e, por outro lado, uma crítica atuante, imaginativa, voltada para o futuro, que acompanham movimento social. Nem toda crítica pensa.

AMBIVALÊNCIA DA POTÊNCIA
A aceleração contemporânea da corrida virtual e o universal não pode ser reduzida nem ao “impacto social das novas tecnologias” nem ao advento de uma dominação em particular, seja ela econômica, política ou social.

Trata-se ante de um movimento do conjunto da civilização, de uma espécie de mutação antropológica na qual se conjugam, ao lado da extensão do ciberespaço, o crescimento demográfico, a urbanização, o aumento da densidade das redes de transporte (e o aumento correlacionado da circulação de pessoas), o desenvolvimento tecno-científico, a elevação (desigual) do nível de educação da população, a onipresença midiática, a globalização da produção e das trocas, a integração financeira internacional, a ascensão de grandes conjuntos políticos transnacionais, sem esquecer a evolução das idéias tendendo a uma tomada de consciência global da humanidade e do planeta.

Essa invenção progressista da essência do homem, em andamento neste momento, não promete de forma alguma, unilateralmente, um futuro radiante nem tampouco uma felicidade maior. As tendências universalizantes e virtualizantes são acompanhadas por um aumento das desigualdades entre pobres e os favorecidos. [...] entre os participantes do universal e seus excluídos. Elas interrompem ou marginalizam transmissões seculares, enfraquecem os estilos de vida locais que pertencem ao mais precioso patrimônio da espécie, desestabilizam violentamente os imaginários que organizam as subjetividades.

A passagem pelo virtual é, portanto, um desvio, um acúmulo tendo em vista atualizações mais numerosas e mais fortes. O temor de uma “desrealização do mundo” é infundado.
O universal aberto, sem totalidade, da cibercultura acolhe e valoriza as singularidades, oferece a muitos o acesso à expressão.
Mas as potencialidades positivas da cibercultura, ainda que conduzam a novas potências do humano, em nada garantem a paz ou a felicidade.

Por Alisson Andrade