Um dos grandes desafios dos líderes modernos é fazer com que seus liderados mantenham uma “conexão”, mesmo que mínima com a atividade que estão executando em seu âmbito de trabalho, para que desta forma haja uma constante evolução naquilo que se propõe a realizar enquanto colaboradores em uma empresa. Essa é a chave para uma equipe coesa e vencedora, que demonstra volição e maturidade.
Vivemos o tão vislumbrado sonho de Bill Gates, que consistia em um mundo onde todas as pessoas tivessem acesso fácil e rápido a informações – sejam elas relevantes ou irrelevantes - pois então, bem vindos, esse sonho foi concretizado. Segundo Davenport e Beck (2005; pág. 155) um gerente médio recebe em média cerca de cinquenta e-mails por dia.
A atenção dentro da organização é algo que tem se tornado a cada década mais valiosa. Instrumentos como a internet (msn, orkut, sites de busca, entre outros), tem sido hercúleos no sentido de desviar a atenção e o foco dos colaboradores – independente da posição que ocupam. Estima-se que um funcionário comum recebe por dia cerca de vinte e-mails. Desses vinte 50% são piadas ou similares, 25% representam mensagens de auto-ajuda e conselhos para a vida comum, 15 % empresas oferecendo algum tipo de produto, 5% são sites de notícias, 4% são empresas oferecendo algum tipo de emprego e apenas 1% representam algum conteúdo que possa vir direta ou indiretamente a somar em seu ambiente de trabalho. Portanto, não é de se estranhar que tantas e tantas empresas estejam em uma desordem sistêmica e a resultante seja uma equipe de colaboradores altamente displicentes.
Relatando o aspecto corte de custos em uma organização pode-se afirmar que a “atenção dos colaboradores” tem sido a área em que a organização mais corta custos (e acreditem não é ironia), este é um óbice em que muitos lideres não tem se deparado. A simples participação dos colaboradores em decisões operacionais, podem resgatar de alguma forma, parte da atenção.
Steve Jobs - o principal fundador da gigante Apple – é um paradigma no quesito valorização da atenção dos colaboradores. Jobs tem a cultura de manter indivíduos conexos em seu trabalho esperando sempre boas e grandes idéias, pois ele sabe exatamente que um colaborador só estará apto para tomar decisões operacionais se houver do mesmo uma coesão funcional que resulta das informações contidas e coletadas dia-a-dia que dizem respeito a posição ocupada em sua organização. Uma decisão não deve ser tomada simplesmente pela intuição, o ideal é que se tenha o mínimo de base para tal.
Não seria exagero afirmar que vivemos em uma economia de atenção, afinal de contas a economia “é a forma como nossa sociedade aloca recursos escassos para sua coerente utilização” (Rosset, pág 26). Para lideres de negócios os recursos escassos não são mais terra, capital, trabalho e muito menos informação. O fato é que a “vadiagem sistêmica”, apontada por Taylor (1957, pág 18), tem imperado nos tempos atuais. O leviatã agora são os veículos de informação e seu excesso, afinal de contas tem-se informação para todos os gostos e raros são colaboradores que utilizam tais como uma ferramenta útil para seu contexto de trabalho.
Uma das finalidades aqui não é apontar os colaboradores como os culpados, desatentos e egoístas, voltando sua atenção apenas para o que lhe prover, definitivamente, não é isso. A questão é que a atenção pode sim ser trabalhada como um instrumento favorável não apenas a tomada de decisão em uma organização, como também a própria vida profissional do individuo – seria muita petulância negar a papel de universidade que todas as empresas têm para com seus colaboradores.
Para demonstrar os perfis dos colaboradores no quesito atenção criei um sistema que ilustra o perfil do colaborador para situações contextuais distintas, apresentando as figuras resultantes de seu posicionamento em sua organização:
Talvez teoricamente você esteja se questionando com relação a alguns perfis, a questão é, que na prática tudo citado é perfeitamente possível. Tendo em vista que:
O Apático: é aquele que tem um alto grau de atenção e baixa de competência - óbvio que quando lhe convier ser assim. Caso o mesmo esteja em uma situação que não lhe é favorável ele apenas cumprirá sua “tabela”, e nada além. Contando sempre os minutos para ir para casa ou para chegar suas férias. Um exemplo poderia ser um estudante de fisioterapia que trabalha como auxiliar contábil (situação não tão incomum), para quê se preocupar com sua competência? Ele um dia será fisioterapeuta e essa é sua meta maior.
O Incipiente: é aquele que tem um baixo grau de competência e atenção, se apresentando até mesmo combalido com relação a sua perspectiva de vida. É preciso ser trabalhado, já que como o próprio titulo já o apontada, é um principiante – podemos usar até mesmo a figura do estagiário em sua primeira experiência de trabalho para apontar tal perfil.
Desatento: é aquele que sabe exatamente o que fazer (Know What), e como fazer (Know How), entretanto se mantém distante do por que (Know Why), esse sim, abraça confiantemente a filosofia do “fazer por fazer”, pois sabe fazer mas não pensa a respeito. Sua atenção sempre está em outro mundo é como se o mesmo ligasse o “piloto automático” e fizesse seu trabalho sem sequer pensar a respeito ou questionar.
Paradigma: Esse é o tal sonhado colaborador. É aquele que consegue manter conexão com tudo que faz. A filosofia do “fazer por fazer” não lhe satisfaz e ele está perfeitamente bem posicionado com relação ao mercado que atua, a concorrência sempre está de olho nesse tipo de colaborador, dispensa mais comentários.
Durantes séculos de estudos a respeito de morte e vida chegou-se a conclusão que nosso sistema nervoso age favoravelmente a nossa percepção de maneira que venhamos a notar mais umas coisas que outras. Como assim? Por exemplo: se você estivesse em uma reunião na Wall Street ou na Joana Angélica perceberia se ouvisse uma cobra rastejando na sala. É exatamente nesse ponto que a psicobiologia entra em cena. Ela prova não apenas que nossas necessidades de sobrevivência são extremamente apuradas, mas que sempre que nos sentimos ameaçados e desejamos ir além em nossa vida - já que se não formos, seremos substituídos por alguém mais preparado; esse mesmo sistema é acionado e a partir disso passamos a estar mais conexos com o mundo a nossa volta já que nos convém.
Segundo Davenport e Beck (2005, pág: 159), são cinco as premissas da psicobiologia, sendo elas:
1. As pessoas são estruturadas para lutar pela sobrevivência;
2. As pessoas são naturalmente competitivas;
3. As pessoas sempre se apegam a uma mensagem principal;
4. As pessoas querem se sentir compromissadas.
Os gestores modernos têm se preocupado mais com a economia da atenção do que com questões psicobiológicas. Acham que é inerte, supérfluo, se importar com esses estudos pusilânimes. São extremamente oclusivos e intolerantes quando o assunto é: ENTENDER O HOMEM ou melhor ENTENDER O COLABORADOR em suas necessidades mais subjacentes. Se Fábio Barbosa (Real), José Carlos Grubisich (Braskem), Steve Jobs, Bill Gates entre outros houvessem ignorado essas questões, sem dúvida alguma, não teriam tido tal êxito. Não foi por acaso que após se afastar da Apple na década de noventa Steve Jobs assistiu de camarote sua filha (a Apple), ter as ações cada vez mais desvalorizadas e cair como se estivesse apeando as cataratas de Foz do Iguaçu. Foi este cenário que o levou a desistir do estado de apatia e voltar a atuar na Apple. Os resultados ??? os comentários são dispensados.
Como afirma Alvin Toffler (1986, pág. 56), o capital humano é o principal foco da chamada "terceira onda" ou era da informação (era em que vivemos), em que a mão de obra qualificada é sua principal ferramenta e toda essa valorização se deu devido ao acesso rápido e fácil de informações que transformou as pessoas em seres questionadores e “pensantes”.
A corrida por bons colaboradores tem sido cada dia mais acirrada. Altos investimentos em RH a procura de funcionários ideais tem sido o foco de várias empresas, pois o objetivo de tudo isso é a aferição de resultados bons e uma mão-de-obra qualificada, afinal de contas uma empresa com bons funcionários é uma empresa muito bem estruturada do ponto de vista de capital humano e este último.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a TGA. 6° ed, São Paulo, Campus, 2001.
DAVENPORT, Thomas H. e BECK, John C. Obtendo a atenção que você precisa. Artigo Harvard Business Review, 2006.
SMITH, Hyrum W. O Gladiador Moderno: treinamento e a experiência como armas para vencer as batalhas no mundo corporativo.1° ed. Rio de Janeiro, Elsevier e Negócio Editora, 2004.
Ramon Hatwick - graduado em administração pela UFBA e pós graduado em administração hospitalar
Nenhum comentário:
Postar um comentário